IMPRESSOS X DIGITAIS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Mirely Natali Menzinger Cervieri

RESUMO

O objetivo desse artigo foi analisar as vantagens e desvantagens de livros digitais, bem como esclarecer a importância dos impressos e das bibliotecas físicas para a população, foi usado como metodologia uma revisão de literatura, e foram revisados 7 artigos sobre o tema em questão.

A ênfase da pesquisa é colocada na importância de os dois formatos de livros utilizarem a informação de forma que ela seja passada da melhor maneira possível, sendo ela rápida, acessível e segura.

PALAVRAS-CHAVE: Impresso. Digital. Importância. Informação.


INTRODUÇÃO

Até o século XV os livros eram manuscritos e restrito à minoria dos estudiosos. O marco histórico da mudança de livro manuscrito para livro impresso foi a produção da Bíblia por volta de 1550.

Pupo (2010, p. 3) relata que

Estudos realizados indicam que, no Brasil, a produção de livros inicia-se após a vinda da família real Portuguesa à colônia, em 1808. D. João VI trouxe para o Brasil a Biblioteca Real e o primeiro prelo, de fabricação inglesa. Instalou-se a imprensa régia e, consequentemente, a primeira fábrica de papel e a primeira biblioteca oficial brasileira – Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro – criada em 29 de outubro de 1810, pela necessidade imediata de armazenar os livros e os documentos trazidos de Portugal. Portanto, as bibliotecas brasileiras surgiram há duzentos anos.

A partir de 1990, as tecnologias de informação se desenvolveram, levando a criação de CD’s, DVD’s, Pen drives, MP3, entre outros... (Pupo 2010, p. 3)

Atualmente temos também o que chamamos Livro Digital (e-books), cujo as ideias iniciais foram esboçadas em 1945, logo após a 2º Guerra Mundial, pelo engenheiro e cientista americano Vannevar Bush (1890-1974), diretor do Office of Scientific Research and Development. Ele acreditava que o crescimento do volume de pesquisas e, consequentemente, o acúmulo de conhecimento, deveriam ser disponibilizados de forma que não desperdiçasse tempo.

De acordo com Araruna, Pinheiro e Carneiro (2012 , p. 4): “Os e-books são arquivos que podem ser lidos em diversos dispositivos eletrônicos como os e-Readers (Leitores Digitais), computadores e tablet.”

Em Dos Reis e Rozados (2016, p.8):

Em 1971, Michael Hart – considerado o criador do livro eletrônico – deu os primeiros passos para que a ideia do livro eletrônico se tornasse realidade. Ele digitou a Declaração de Independência dos Estados Unidos, primeiro documento da história da humanidade a se tornar um documento eletrônico. Mais tarde, fundou o Projeto Gutenberg, biblioteca digital mais antiga do mundo que realiza digitalização de livros em domínio público, arquiva-os e os disponibiliza gratuitamente.

DESENVOLVIMENTO

Os livros vêm se tornando um formato de leitura muito utilizado pelos leitores, por suas vantagens:

Porém, assim como cita Chartier no livro “A mão do autor e a mente do escritor” de 2014, no século 18, os livros eram considerados mágicos e a leitura em excesso era considerada condição médica por causar imobilidade corporal e excitação da imaginação, da mesma forma que essa leitura causada prejuízos, ler livros digitais também possui suas desvantagens:

A combinação de impresso e digitais podem impulsionar a prática de levar a informação aos mais variados públicos. Um exemplo da utilização do digital foi mencionado por Reis, Carvalho e Cardoso (2015, p. 1):

A digitalização de obras raras (livros, revistas e imagens) catalogada em acervos de bibliotecas universitárias para a criação de acervos digitais e ebook é uma oportunidade ímpar de recuperar e preservar a memória bibliográfica, além de poder disponibilizar o conteúdo para o público que muitas vezes não tem a oportunidade de acesso a essas obras, seja pelo desconhecimento de sua existência ou por questões institucionais que restringem o contato com originais.

O desafio, porém, se encontra em encontrar uma forma desses livros digitais não substituírem os livros impressos e concomitantemente a utilização das bibliotecas, e sim buscar uma forma das duas formas trabalharem em conjunto, a fim de melhorar a qualidade da transmissão da informação.

Apesar das bibliotecas terem evoluído muito desde o princípio, ainda necessita de reparos para poder tornar atrativo o livro impresso e seus demais materiais e eventos.

A biblioteca falha na sua acessibilidade informacional, que é definida por Fernandes (2018, p. 20) como: “trata exclusivamente da remoção ou diminuição de entraves e barreiras no processo de aquisição, apropriação e uso da informação propriamente dita”.

E por Santos e Araújo (2015, p.210) como: “[...] acessibilidade informacional é a dimensão que determina a eliminação de barreiras no acesso à informação para auxiliar no alcance às fontes e materiais de informação para todas as pessoas de forma segura e autônoma.”

A primeira Lei de Ranganathan diz que os livros (informações) são para usar

se as coleções existem para ser utilizadas, devem estar acessíveis em ambientes que permitam seu uso, incluindo os recursos de acessibilidade para quem mantém necessidades especiais, o qual, quase sempre, precisa contar com o uso de rampas, elevadores e aparatos semelhantes. É provável que, em 1928, Ranganathan não tenha incluído expressamente o tema da acessibilidade. (SOUSA; TARGINO, 2016, p. 15)

Porém as bibliotecas não possuem estrutura para atender essas pessoas com necessidades especiais, como livros em brailes, piso tátil, livros com língua de sinais, programa de voz, livros com letras ampliadas e acessibilidade física para se deslocar no local, o que causa distanciamento dessa parte da população as bibliotecas físicas, e consequentemente as livros impressos.

Costa (2015, p. 92) cita que: O distanciamento dos estudantes no uso dos serviços da biblioteca diante da baixa frequência nestes espaços, e consequentemente na relação com o bibliotecário de referência, sem treinamento de uso da biblioteca e de seus recursos informacionais para alunos com deficiência pode ser devido à (in) acessibilidade arquitetônica, informacional, comunicacional destes espaços que não dão condição de autonomia a estes estudantes, fazendo com que suas necessidades sejam atendidas em outros espaços ou que procurem por outras alternativas (como os e-books, audiolivros).

CONCLUSÃO

Conclui-se que para que os livros impressos não sejam substituídos e desvalorizados pelos digitais, precisa-se de uma melhoria nas bibliotecas físicas. Assim como diz a QUARTA LEI DE RANGANHATAN – POUPE O TEMPO DO LEITOR:

Efetivamente (e sobretudo nas bibliotecas universitárias) ele pretende obter um máximo de informação acerca de um determinado assunto, no mais curto espaço de tempo, está habituado a utilizar os computadores e a aceder à Internet. No seu relativo desconhecimento dos operadores de pesquisa a utilizar em bases de dados bibliográficos, ele poderá ser orientado pelo Bibliotecário, que deverá manter-se em permanente actualização. (BAGANHA, 2004, p. 26).

Também é importante analisar a QUINTA LEI DE RANGANHATAN – a biblioteca é um organismo em crescimento: a Biblioteca é um espaço que precisa de inovação, por causa da sua importância histórica e cultural, os seus livros são patrimônios do país e importantes como fonte e formato de conhecimento, ela precisa ser um espaço acolhedor, informativo, acessível, dinâmico para atender os mais diversos públicos. Os bibliotecários precisam de treinamento para lidar com os seus sistemas, se adaptar aos diversos softwares e hardwares, adquirir novas técnicas, a fim de suprir a necessidade do público, para que esse busque frequentar mais o local.

Sobre esse assunto, Costa e Oliveira (2020, p. 21) comentam:

A setorização dos espaços para melhor acomodar os estudantes – salas de estudo em grupo e individual – para o trabalho do bibliotecário gestor, para o processamento técnico, sala multiusuário para treinamento de usuários e recepção de calouros, sala de exposição, dentre outros, afeta o crescimento da biblioteca, mas podem contribuir para atrair novos usuários e estes passarem a frequentar as bibliotecas e tornarem os seus espaços mais dinâmicos e inclusivos.

Portanto, não importa o formato que a informação seja passada: de forma impressa ou digital, pois a informação precisa ser passada conforme a necessidade do usuário, a informação precisa ser adaptada e inclusiva para todos. E a junção de digital e impresso nas bibliotecas é um dos fatores que tornam uma biblioteca atrativa na era da tecnologia.


REFERÊNCIAS

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BAGANHA, F. Novas bibliotecas, novos conceitos. Revista da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Porto, n. 1. [place unknown]: Edições Universidade Fernando Pessoa, 2004, p. 93-97. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/handle/10284/616. Acesso em: 21 de nov. de 2024.

COSTA, M. K. A.; DE OLIVEIRA, D. A. Acessibilidade e as cinco leis de Ranganathan: diálogo com a Biblioteconomia e a Ciência da Informação. Perspectivas em Ciência da Informação , v. 27, n 1. [place unknown]: [s.l], 2022, p 160-189. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/pci/article/view/24988. Acesso em: 13 de nov. 2024.

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